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  Uma panorâmica sobre Obadias 

    O livro do profeta Obadias é o menor dos livros proféticos, pois só tem um capítulo. O alvo de sua profecia é o povo de Edom, descendentes de Esaú irmão de Jacó.

    Sobre esse profeta pouco se sabe senão que profetizou no reino de Judá. O nome Obadias era comum em Israel e significa servo do Senhor. A ocasião de sua mensagem profética foi uma invasão de Jerusalém por um povo inimigo, mas não se sabe qual. Segundo a Bíblia, Jerusalém foi pilhada cinco vezes durante o tempo do Antigo Testamento (pelo Egito, durante o reinado de Roboão; pelos filisteus e árabes durante o reinado de Jorão; por Israel, reino do Norte na época de  Joás e pelos caldeus duas vezes, uma na época de Joaquim e a outra na época de Zedequias). A razão da profecia contra Edom foi porque esse povo se alegrou com a desventura do povo de Deus bem como ter participado dos despojos numa dessas invasões.

   As razões históricas do ódio desse povo para com os seus parentes distantes remonta a época de Jacó e Esaú, quando o primeiro comprou o direito de primogenitura de seu irmão e depois tomou a sua benção (Gn 27). Mesmo Esaú e Jacó tendo se reconciliado (Gn 32, 33), os descendentes de Esaú não aceitaram com facilidade o que acontecera e, em diversas ocasiões, se postaram contra Israel, sendo a identificada no livro de Obadias uma delas. Na história bíblica os edomitas, em diversas ocasiões, se opuseram ao povo de Deus e se aliaram aos seus algozes. A primeira delas foi quando Israel ia em direção à terra prometida e os edomitas não o deixaram passar pelos seus termos (Nm 20.14-21). Depois, em outras duas ocasiões, sendo uma relatada no livro de 2 Cr 21 e a outra em 2 Rs 25.

  O livro de Obadias divide-se em duas partes: a primeira parte corresponde aos versículos 1-14. Nessa parte, Deus expressa a sua ira contra os edomitas por causa de sua soberba e por se julgar inexpugnável visto que moravam em montanhas, e também pelo que fizera a Israel, pois esse povo se alegrara com a desgraça alheia. Como o juízo contra Jerusalém viera da parte de Deus por causa dos pecados daquela cidade ninguém tinha o direito de dizer  “bem feito”, porque Deus estava tratando com o seu povo visando uma correção. Em relação ao povo de Deus existe uma máxima: com esse povo ninguém mexe.

    A segunda parte do livro, que contempla os versículos 15 a 21,  trata do dia do Senhor quando Edom seria destruído juntamente com todos os inimigos de Deus e do seu povo, ao passo que o povo escolhido seria salvo, e o seu reino triunfaria.

   Sobre a expressão “dia do Senhor”, no caso, deve-se observar duas coisas: a primeira é o dia em que Edom seria destruído, ou seja,  um juízo localizado na história. A outra questão é a que trata do juízo divino sobre as nações, no caso, representadas por Edom, no dia escatológico da segunda vinda do Senhor, evento que está para acontecer. Na história, o dia do Senhor para Edom foi ao tempo dos romanos quando esse povo invadiu o Oriente Médio e controlou toda aquela região. Segundo os historiadores bíblicos, a partir do ano 70 d.C., os edomitas desaparecem da história sendo assimilados pelos árabes nabateus.

   Quanto ao dia escatológico do Senhor em que todas as nações irão receber o tratamento devido, esse dia, que não é necessariamente um dia de 24 horas, e sim um tempo em que Deus tratará com as nações que tem se postado contra o seu povo, perseguindo a fé cristã. “Porque o dia do Senhor está perto, sobre todas as nações; como tu fizeste, assim se fará contigo; a tua maldade cairá sobre a tua cabeça. Porque, como vós bebestes no monte da minha santidade, assim beberão de contínuo todas as nações; beberão, e engolirão, e serão como se nunca tivessem sido” Ob 15,16. O livro ainda fala de forma profética sobre o futuro livramento do povo de Deus, o que acontecerá na segunda vinda de Cristo.   

Pr. Eudes L. Cavalcanti