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A Igreja Local e seus Oficiais

         A Igreja, na sua expressão local, organizada de acordo com o padrão neo-testamentário, é uma instituição divina, segundo as Sagradas Escrituras: “à Igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados  em  Cristo  Jesus, chamados  santos,...” 1 Co 1.2. “Mas, se tardar, para que saibas como convém andar na casa de Deus, que é a Igreja do Deus vivo, a coluna e firmeza da verdade” 1 Tm 3.15. Ainda sobre a Igreja na sua expressão local como uma instituição divina podemos observar essa verdade através das cartas escritas por Paulo destinadas a comunidades locais instaladas em Roma, em Corinto, na Galácia, em Éfeso, em Filipos, em Colossos e em Tessalônica. Observe ainda que o Senhor Jesus enviou sete cartas  para sete igrejas instaladas na Ásia Menor, cartas essas que são partes componentes do livro de Apocalipse, capítulos 2 e 3.

           Segundo as Sagradas Escrituras, a Igreja foi constituída por Deus, para a realização de basicamente quatro propósitos, a saber:

Adoração– Adorar a Deus em espírito e em verdade é uma das finalidades da existência da Igreja neste mundo. “Vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo” 1 Pe 2.5 (Veja ainda Sl 96.7-9; Mt 4.10; Jo. 4.23,24; 1 Co 14.26; Hb 13.15).

Edificação – Os salvos em Cristo, nascidos de novo, são edificados espiritualmente pela Palavra de Deus proclamada nas reuniões da Igreja. Para promover essa edificação, Deus deu a Igreja ministérios específicos e distribuiu dons espirituais segundo a sua vontade ao corpo de salvos. “No qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para templo santo no Senhor. No qual também vós juntamente sois edificados para morada de Deus em Espírito” Ef 2.21,22 (Veja ainda Rm 12-6-8; Ef 4.11-16; 1 Pe 4.10,11; 2 Pe 3.18).

Proclamação­ - A Igreja tem a incumbência de proclamar a mensagem do Evangelho para testemunho a todas as pessoas, no mundo inteiro. “Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” 1 Pe 2.9 (Veja ainda Mt 28.18-20; Mc 16.15,16; Lc 24.47; At 1.8).

Beneficência– A existência do pobre no mundo é uma oportunidade que Deus dá a quem dele recebeu bens, para exercer o ministério da misericórdia, especialmente aos santos necessitados. Cuidar dos pobres é uma das atribuições da Igreja. “Então, enquanto temos tempo, façamos bem a todos, mas principalmente aos domésticos da fé” Gl 6.10 (Veja ainda Mc 14.7; At 6.1-3; Rm 12.13; 2 Co 9.1,12; Hb 13.16).

           Ainda o Salvador deixou para a sua Igreja a responsabilidade de realizar periodicamente duas ordenanças suas que são o Batismo Cerimonial para os novos conversos e a Celebração da Ceia Memorial para a comunidade de salvos.

Batismo Cerimonial - O Senhor Jesus ordenou que os que cressem nele fossem batizados com água em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo, e essa tarefa compete a Igreja realizar, através de seus ministros devidamente ordenados (Mt 28.19; Mc 16.15,16; At 2.38,41; 8.12;...).

Ceia Memorial - Deixou ainda o Senhor Jesus a ordenança da celebração da Ceia Memorial, onde o pão e o vinho têm a sua representatividade, o corpo e o sangue de Cristo, respectivamente. A Ceia é o símbolo memorial da morte redentora de Cristo (Mt 26.26-28; Mc 14.22-24; Lc 22.19,20; 1 Co 11.23-33).

              Para ministrar na Igreja local, Deus lhe deu três categorias de oficiais cujos ministérios estão ligados intimamente a ela (Pastor, Presbíteros e Diáconos). Esses oficiais são escolhidos por Deus e referendados pela Igreja em sua assembléia de membros, que lhes dá um mandato para ser executado com a graça divina.

            O Ofício de Pastor

             O primeiro desses ofícios bíblicos é o de Pastor cuja escolha e ordenação é segundo a vontade soberana de Deus. Ao Pastor Deus deu a direção geral da Igreja sendo o mesmo responsável junto com os Presbíteros por ela diante do Senhor. No livro de Apocalipse os Pastores são chamados de anjos da Igreja. “Escreve ao anjo da igreja que está em Éfeso: Isto diz aquele que tem na sua destra as sete estrelas, que anda no meio dos sete castiçais de ouro” Ap 2.1 (Veja ainda Ap 2.8,12,18; 3.1,7,14). Em Jeremias 3.15 nos é dito que Deus deu para pastorear o seu povo pastores segundo o seu coração que o apascente com sabedoria e com inteligência. “E dar-vos-ei pastores segundo o meu coração, os quais vos apascentarão com ciência e com inteligência”. Em Efésios 4.11,12 nos diz a Palavra de Deus que os Pastores são dádivas de Deus a Igreja para trabalhar na sua edificação espiritual. “E ele mesmo deu uns para... para pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo”. Em Hebreus 13.7 a Igreja é orientada a se lembrar dos pastores que a pastoreia, e a seguir o exemplo deles.

             O Ofício de Presbítero

             O segundo dos ofícios dentro da Igreja é o de Presbíteros que são conhecidos também por Anciãos, e que significa aqueles que recebem a incumbência de supervisionar ou superintender a obra de Deus realizada pela Igreja. Os Presbíteros  são  classificados   em  Presbíteros Regentes e Presbíteros Docentes sendo esses últimos chamados também de Pastores ou Bispos. Essa distinção entre os Presbíteros é extraída do texto de 1 Timóteo 5.17 que diz: ”Os presbíteros que governam bem sejam estimados por dignos de duplicada honra, principalmente os que trabalham na palavra e na doutrina”. Todos os Presbíteros ligados a uma Igreja local, sem exceção, têm a função de pastoreio e estão comprometidos com o ministério da mesma com a responsabilidade de ajudar ao Pastor a apascentar a Igreja do Senhor. “E de Mileto mandou a Éfeso, a chamar os Presbíteros da igreja. E, logo que chegaram junto dele, disse-lhes: Vós bem sabeis, desde o primeiro dia em que entrei na Ásia, como em todo esse tempo me portei no meio de vós,... “Olhai, pois, por vós e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a Igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue” Atos 20.17-28. Pedro, a exemplo de Paulo, reforçou a idéia de pastoreio por parte dos Presbíteros. “Aos presbíteros que estão entre vós, admoesto eu, que sou também presbíteros com eles,... Apascentai o rebanho de Deus que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto” 1 Pedro 5.1,2.

             O ministério de pastoreio implica em que os Presbíteros devem ajudar o Pastor no seu ministério, cabendo-lhes atribuições pastorais, tais como ensinar a doutrina, dirigir cultos, pregar o Evangelho, zelar pela vida espiritual da Igreja, visitar os enfermos, orar por eles e realizarem alguns atos pastorais delegados pelo Pastor da Igreja.

            Quanto ao relacionamento entre esses dois ofícios, ambos, devem entender que estão cuidando das coisas de Deus. A Igreja local não é propriedade de um pastor e muito menos de seus presbíteros. Ao primeiro cabe liderar, como dissemos, e aos outros auxiliá-lo nesse glorioso ministério de pastoreio do rebanho de Deus. Essas duas categorias estão no mesmo “barco”, trabalhando com o mesmo objetivo: progresso da Igreja e a glória de Deus. Devem trabalhar unidos, com humildade, orientados por Deus. O pastor não deve “torpedear” o presbítero nem o presbítero deve dificultar o ministério pastoral; ambos devem trabalhar em harmonia para a glória do Senhor. Ambos são servos e não senhores. Ambos têm um Senhor nos céus, a quem pertencem e a quem prestarão contas (1 Pe 5.1-4), ambos são responsáveis pela Igreja de nosso Senhor Jesus Cristo.

            

 

            O Ofício de Diácono

            O terceiro dos ofícios é o de Diáconos que foi instituído por Deus para cuidar das temporalidades da Igreja mui especialmente dos crentes que passam necessidades, segundo se extrai de Atos 6.1-3. Aos Diáconos compete ainda cuidar da boa ordem do culto, zelar pela Casa de Deus, distribuir a Ceia do Senhor e outras atividades delegadas pelo Pastor da Igreja. Os Diáconos que servirem bem tem da parte de Deus uma benção especial. “Porque os que servirem bem como Diáconos adquirirão para si uma boa posição e muita confiança na fé que há em Cristo Jesus” 1 Tm 3.13.  O trabalho dos Diáconos deve ser em harmonia com os outros oficiais citados acima visando o crescimento da Igreja. Na carta aos Filipenses Paulo os identifica em sua saudação como representantes daquela Igreja juntos com os Bispos (Pastores e Presbíteros) Fp 1.1.

             OS Pastores, os Presbíteros e os Diáconos foram constituídos por Deus para ministrar no seio de uma Igreja local e cada um desses ofícios deve ser desenvolvido com humildade, com dedicação e com zelo. Esses três ofícios devem ainda trabalhar, como já dissemos acima, em harmonia um com os outros visando à glória de Deus e o desenvolvimento da igreja a que pertencem. As diferenças individuais, quer sejam dos ofícios em apreço quer sejam dos indivíduos que os compõem, devem ser respeitadas por todos visando o bem maior que é a glória de Deus e o bem-estar do povo de Deus colocado sob a responsabilidade deles.

           AS qualificações desses ofícios encontram-se nos textos de 1 Tm 3.1-7; Tt 1.5-9 (Pastores e Presbíteros) e At 6.3 e 1 Tm 3.8-13 (Diáconos), conforme abaixo:

               Perfil Bíblico dos Pastores e Presbíteros

Conforme 1 Tm 3.1-7:

“Esta é uma palavra fiel: se alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja. Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto para ensinar; Não dado ao vinho, não espancador, não cobiçoso de torpe ganância, mas moderado, não contencioso, não avarento; Que governe bem a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com toda a modéstia (Porque, se alguém não sabe governar a sua própria casa, terá cuidado da igreja de Deus?); Não neófito, para que, ensoberbecendo-se, não caia na condenação do diabo; Convém também que tenha bom testemunho dos que estão de fora, para que não caia em afronta, e no laço do diabo”.

 

 

Conforme Tt 1.5-9:

“Por esta causa te deixei em Creta, para que pusesses em boa ordem as coisas que ainda restam, e de cidade em cidade estabelecesses presbíteros, como já te mandei: Aquele que for irrepreensível, marido de uma mulher, que tenha filhos fiéis, que não possam ser acusados de dissolução nem são desobedientes. Porque convém que o bispo seja irrepreensível, como despenseiro da casa de Deus, não soberbo, nem iracundo, nem dado ao vinho, nem espancador, nem cobiçoso de torpe ganância; Mas dado à hospitalidade, amigo do bem, moderado, justo, santo, temperante; Retendo firme a fiel palavra, que é conforme a doutrina, para que seja poderoso, tanto para admoestar com a sã doutrina, como para convencer os contradizentes”.

            Perfil Bíblico dos Diáconos

Conforme At 6.3:      

“Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio”.

Conforme 1 Tm 3.8-10,12,13:

“Da mesma sorte os diáconos sejam honestos, não de língua dobre, não dados a muito vinho, não cobiçosos de torpe ganância; Guardando o mistério da fé numa consciência pura. E também estes sejam primeiro provados, depois sirvam, se forem irrepreensíveis.Os diáconos sejam maridos de uma só mulher, e governem bem a seus filhos e suas próprias casas. Porque os que servirem bem como diáconos, adquirirão para si uma boa posição e muita confiança na fé que há em Cristo Jesus”.

Pastores, Presbíteros e Diáconos no contexto da Igreja Congregacional

          Com relação a uma Igreja Congregacional os Pastores, Presbíteros e Diáconos são os obreiros que recebem da assembléia da Igreja delegação, através de seus instrumentos normativos, para dirigi-la na área de suas competências. Ao Pastor Titular da Igreja cabe a liderança maior dentro dela tanto na área espiritual como na administrativa, sendo ele o anjo da Igreja, responsável pela Igreja diante de Deus, da Denominação a que pertence, diante das Igrejas evangélicas em geral, bem como diante do Estado Brasileiro. Os Presbíteros são os oficiais escolhidos pela Igreja, segundo ordenação do Senhor, para ajudar o Pastor no pastoreio da mesma (visitar os irmãos enfermos, orar pelos membros, instruí-los na doutrina, enfim cuidar da vida espiritual do rebanho). Os diáconos têm a atribuição de cuidar dos crentes necessitados, de zelar pelo bom andamento do trabalho na casa do Senhor, distribuir a Ceia, e outras tarefas delegadas pelo Pastor Titular da Igreja.

         Os oficiais da Igreja (Pastores, Presbíteros e Diáconos) estão subordinados as assembléias da mesma. Da Igreja através de seus instrumentos normativos eles recebem a autoridade para exercer as suas funções de acordo com seus respectivos ministérios, sendo que aqueles atos executados que extrapolem aquilo que foi autorizado pela Igreja, devem ser submetidos à mesma, pelos canais competentes, para homologação.

Lições extraídas dos textos bíblicos sobre o oficialato

1)      O grande privilégio de ter sido escolhido por Deus para tão importante ministério no seio da igreja do Senhor. “E ninguém toma para si esta honra, senão o que é chamado por Deus, como Arão” Hb 5.4 (Veja ainda 2 Co 3.6-11);

2)      A grande responsabilidade de cumprir esse ministério com fidelidade. “Que os homens nos considerem como ministros de Cristo, e despenseiros dos mistérios de Deus. Além disso, requer-se dos despenseiros que cada um se ache fiel” 1 Co 4.1,2 (Veja ainda 2 Tm 4.5)

3)      O serviço prestado por essas categorias de oficiais deve ser por amor e gratidão ao Senhor.“Não servindo à vista, como para agradar aos homens, mas como servos de Cristo, fazendo de coração a vontade de Deus” Ef 6.6 (Veja ainda At 20.24);

4)      A honra e o prestígio dados por Deus a esses ministros no seio da igreja. “E rogamo-vos, irmãos, que reconheçais os que trabalham entre vós e que presidem sobre vós no Senhor, e vos admoestam; E que os tenhais em grande estima e amor, por causa da sua obra. Tende paz entre vós” 1 Ts 5.12,13 (Veja ainda Fp 2.29);

5)      A recompensa divina certamente alcançará a esses irmãos na vida presente e na eternidade. “Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor” 1 Co 15.58 (Veja ainda Jo 12.26).

 

Pr. Eudes Lopes Cavalcanti (Ministro da ALIANÇA)

Junho de 2010