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Após polêmica com igrejas, prefeito recua e permite reabertura de templos com regras

 

O prefeito de Porto Alegre (RS) decidiu recuar diante da pressão que sofreu após fazer uma declaração polêmica sobre a motivação de igrejas e demais templos religiosos pleitearem pela reabertura para cultos e reuniões.

Numa entrevista recente, Nelson Marchezan Junior (PSDB) havia dito que o único interesse dos religiosos era “faturar”.

As igrejas na capital gaúcha estavam fechadas desde março por conta da estratégia de isolamento social para refrear o avanço do novo coronavírus. Agora a prefeitura publicou um decreto assinado por Marchezan autorizando cultos e missas, a partir da observação de regras restritivas, como a limitação de pessoas a 30 por vez e o distanciamento de dois metros entre os assentos.

“Estamos nos adaptando para fazer tudo da forma mais correta possível. Foi um pouco diferente ver todos de máscara. Mas é muito bom poder celebrar missas para a nossa comunidade”, comentou o padre Luciano Massullo, da Paróquia São Pedro.

De acordo com a Rádio Gaúcha, as diferentes denominações evangélicas também estão se mobilizando para atender as determinações. Para as igrejas batistas, a limitação a 30 fiéis torna todo o processo de retomada dos cultos presenciais mais difícil.

“Trinta pessoas é o que eu preciso só para organizar o culto. Nossa comunidade reúne 600, 700 pessoas por culto. Conseguir colocar pelo menos 200 bem espaçadas”, comentou o pastor Paulo Cabral, presidente da Ordem dos Pastores Batistas e dirigente da Igreja Batista Passo D’Areia.

Cabral acredita que somente congregações muito pequenas conseguirão retomar as atividades nesse formato. As maiores serão obrigadas a aguardar uma nova flexibilização, que leve em conta a capacidade de ocupação dos templos.

Nas igrejas pentecostais, a reabertura foi de pouco movimento nos templos do centro da cidade, e as regras foram cumpridas, com controle do número de fiéis e disponibilização de álcool gel na entrada. No interior dos templos, os bancos foram marcados para garantir o distanciamento entre as pessoas. Um exemplo é o da Igreja Internacional da Graça de Deus, que distribuiu senha de acesso e um voluntário disponibilizava álcool gel na entrada para higiene das mãos.

A prefeitura se defende das críticas dizendo que optou por restringir o número de fiéis por cautela. O secretário extraordinário de Enfrentamento do Coronavírus, Bruno Miragem, comentou que a flexibilização das regras irá depender de como o cenário da pandemia vai evoluir nas próximas semanas: “Esse é um primeiro passo. Optamos por ser mais prudentes no primeiro momento, mas, se mantivermos a estabilidade no contágio, podemos avançar”, declarou.

Entretanto, a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) orientou as sete congregações existentes em Porto Alegre a permanecerem fechadas pelo menos até o fim de maio.

A mesma postura foi adotada pelo pastor Mauricio Martins, líder da Brasa Church, que recebe cerca de mil pessoas por mês e não tem planos de retomar as atividades presenciais enquanto houver risco de contaminação pelo coronavírus: “Paramos uma semana antes porque temos alguns médicos que frequentam a igreja, e acharam que seria saudável. Vamos continuar fazendo os cultos pela internet e retomar com muito cautela, porque estamos preocupados com a segurança das pessoas”.

Gospel+