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A VOZ DO DRAGÃO

No livro de Apocalipse nos é apresentado os quatro grandes inimigos da Igreja de Cristo: O Dragão = Satanás; a Besta Política = o Anticristo; a Besta Religiosa = o Falso Profeta; e a Grande Babilônia (a Prostituta) = o mundo posto no maligno.

Na descrição da Besta Religiosa - o Falso Profeta, que representa a falsa religião opositora de Cristo e da Igreja, nos é revelado que ela é parecida com um cordeiro, mas fala como o Dragão.

Pensava, inicialmente, que o falar como o Dragão, fosse uma voz poderosa, forte, amedrontadora, horripilante e ensurdecedora, mas mudei de ideia ao observar com mais clareza nas Sagradas Escrituras, que a voz do Dragão não é como descrita acima, e sim uma voz macia, sedutora, baseada na mentira, pois o Dragão, Satanás transfigura-se em anjo de luz, para enganar as pessoas, conforme dito pelo apóstolo Paulo (2 Co 11.14).

Essa voz traiçoeira, sedutora, é ouvida pela primeira vez na história do homem no Édem, no início da criação. O dragão, um animal mitológico, pois não tem correspondência na criação de Deus, e sim na mentalidade de homens que não conhecem a Deus nem atentam para a sua obra, falou usando uma serpente, um animal comum que estava naquele jardim. A Serpente, sorrateiramente, aproximou-se da mulher e começou a conversar com ela sobre uma ordem expressa que Deus dera ao casal, reinterpretando a ordem, apresentando um significado dela diferente daquele dado por Deus, e assim conseguiu enganá-la, levando-a a queda junto com o seu marido.

A partir dessa primeira fala, o Dragão continuou falando, usando pessoas, persuadindo-as da não existência de Deus e do seu programa redentor, mas há outra fala ostensiva do Dragão que deve ser observada. Foi quando da tentação feita ao Senhor Jesus pelo Diabo, outro nome dado ao dragão do Apocalipse. Os textos de Mateus, Marcos e Lucas relatam que, antes de começar o seu ministério público, o Senhor Jesus, depois de ser batizado e ungido pelo Espírito Santo, foi levado ao deserto para ser tentado pelo Diabo. Depois do jejum de quarenta dias, quando estava com fome, o tentador aproximou-se de Jesus e começou uma série de três tentações, usando sorrateiramente a Palavra de Deus para envolver o Senhor Jesus no seu plano destruidor, mas o Salvador não se deixou seduzir pelas palavras do Dragão e o venceu citando a Santa Palavra de Deus de forma correta.

Essa voz que continuou ecoando no mundo através dos falsos profetas, iludindo as pessoas, propagando mentiras, tem ganhado hoje uma conotação especial, através das redes sociais, onde as fake news são usadas, abundantemente, destruindo reputações, enganando as pessoas e, pasmem, envolvendo o próprio povo de Deus na disseminação da mentira que, muitas e muitas vezes, sem perceberam da gravidade do assunto e quem está por trás de tudo isso, propagam o erro, levando as pessoas a pecarem contra Deus. Mas, nos últimos dias, essa voz adquirirá uma expressão peculiar com a segunda besta do Apocalipse - o Falso Profeta. O texto de Apocalipse 13.11-18 trata do assunto. Essa besta que será usada pelo Dragão, que tem a aparência de um cordeiro, irá enganar, seduzir a humanidade da época, e irá convencê-la de que a primeira besta, a política, o Anticristo é a solução para os problemas que a humanidade enfrenta como consequência dos juízos de Deus através dos selos, trombetas e taças do Apocalipse. Além da voz sedutora, o Falso Profeta inculcará na mente e no coração das pessoas a devoção ao Anticristo, chegando as barras da adoração a esse personagem. É a tal operação do erro, quando se dará crédito a mentira em vez da verdade, que foi revelada por Paulo em sua segunda carta aos Tessalonicenses (2 Ts 2.9-12), quando todas as pessoas, exceto os selados por Deus, receberão a marca da primeira besta para poderem participar da economia mundial de então (comprar e vender).

Concluindo, é bom alertar a Igreja de Cristo de que precisamos ter discernimento espiritual, para poder distinguir entre milhões de vozes que ouvimos, quando o Dragão fala, para nos livrarmos de suas astutas ciladas. Lembrando a todos que o Dragão é o pai da mentira, enganador, sedutor. Mas, precisamos mais do que isto, que é aprender a ouvir a voz de Deus, que tem falado, principalmente através da Bíblia Sagrada. As ovelhas de Cristo conhecem a voz do seu Pastor e O seguem (“As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem”), mas rejeitam a voz do Dragão, do estranho que, em suas nuanças, tenta desviar as ovelhas do caminho do Senhor. “Mas de modo nenhum seguirão o estranho, antes fugirão dele, porque não conhecem a voz dos estranhos” Jo 10.5.

Discernir as vozes, primeiro a de Deus e depois a do Diabo, é imprescindível para que a gente siga a direção correta para um viver cristão sadio.

“... para que não sejamos vencidos por Satanás; Porque não ignoramos os seus ardis” 2 Co 2.10,11. “Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo” Ef 6.11.

Rev. Eudes Lopes Cavalcanti

Pastor Titular da III IEC/JPA