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O Cristão e o Compromisso com a Igreja Local

 
Introdução

A Igreja é uma instituição divina, portanto, sagrada, tanto na sua expressão universal como na sua expressão local. Na sua expressão universal a Igreja é composta por todos os salvos, em todas as épocas, independente de cor denominacional (Mt 16.18; Hb 12.22,23;...). A Igreja na sua expressão local é composta por um grupo de salvos organizados numa determinada localidade, seguindo padrão neo-testamentário, com seus pastores e oficiais (Fp 1.1; Tt 1.5; Mt 18.17;...).
À Igreja de Deus tem atribuições para realizar aqui neste mundo, sendo as principais: Cultuar a Deus (Sl 96.1-10; 95.1-7); Edificar-se mutuamente (Ef 2.20-22; 4.11-16), proclamar o Evangelho (Mc 16.15; Mt 28.18-20; Lc 24.47) e cuidar dos crentes necessitados (Gl 6.10; Hb 12.16; Rm 12.13). Esse é o grandioso ministério da Igreja aqui neste mundo.
Além dessas atribuições é bom lembrar que a Igreja também é uma organização através da qual fluem as atividades mencionadas no parágrafo anterior e que os crentes também tem compromisso com o seu funcionamento adequado. É de responsabilidade dos crentes, membros de uma Igreja local, comprometer-se com essa obra que é de Deus, conforme abaixo:
I – É dever de o crente freqüentar assiduamente as reuniões da Igreja
A Igreja em sua dinâmica estabeleceu uma programação da qual fazem parte as reuniões, os cultos que são as santas convocações do Senhor, e sendo o dever de todos os crentes frequentá-los assiduamente. Na Bíblia encontramos diversos textos que tratam desse assunto: “Alegrei-me quando me disseram: vamos à Casa do Senhor” Sl 122.1. “...Preferiria estar na porta da casa do meu Deus a habitar nas tendas da impiedade” Sl 84.10. “Não abandonando a nossa congregação como é costume de alguns” Hb 10.25. 
Infelizmente, observa-se nas Igrejas esta falta de compromisso do povo de Deus. Existem aqueles crentes seletivos, ou seja, vivem escolhendo tipo de culto para freqüentá-lo. Uns só vêm aos cultos de domingo, à noite. Outros só freqüentam a Escola Dominical. Ainda outros freqüentam um dos cultos do meio da semana. Graças a Deus que existem ainda aqueles que não “perdem” os cultos da Igreja, são assíduos, discípulos de Ana, profetiza, cujo testemunho de assiduidade encontramos em Lucas 2.36,37: “E estava ali a profetiza Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Esta era já avançada em idade, e tinha vivido com o marido sete anos, desde a sua virgindade, e era viúva, de quase oitenta e quatro anos, e não se afastava do templo, servindo a Deus em jejuns e orações, de noite e de dia”. 
A freqüência assídua do crente às reuniões da Igreja vai promover o seu crescimento espiritual além de glorificar a Deus pelo prestígio que o salvo demonstra para com a Sua presença nas reuniões da Igreja (Mt 18.20).
II – É dever de todo o crente contribuir financeiramente para a manutenção da Igreja.
Sabemos que todo e qualquer empreendimento, inclusive, a Igreja precisa de recursos para a sua manutenção. É sabido que a Igreja não recebe subsídio do Estado (federal, estadual ou municipal) para a sua manutenção.
Deus por graça e misericórdia deu recursos aos seus filhos (Jo 3.27; Tg 1.17) para manutenção sua e de sua família e também para a manutenção de Sua obra.
Tratando-se da manutenção da obra do Senhor, através do ministério da Igreja local, o Senhor estipulou dois tipos de contribuição: os dízimos e as ofertas.
1) O dízimo do Senhor – Essa contribuição foi estipulada diretamente por Deus. Deus nos dá 100% (o sustento completo) e ordena que devolvamos a Ele apenas 10% (o dízimo do Senhor) para o sustento do Seu trabalho. Deus prometeu em sua Palavra abençoar abundantemente aos crentes fiéis nessa área. “Trazei todos os dízimos à Casa do tesouro para que haja mantimento em minha casa e depois disso fazei prova de mim se não abrir as portas dos céus e derramar sobre vós uma bênção que vos advenha maior abastança” Ml 3.10. Sobre os dízimos é bom consultar os textos que fala sobre o dizimo antes, durante e depois da Lei mosaica: Gn 14.18-20; 28.18-22; Hb 7.4-10; Mt 23.23.
2) As ofertas – Deus determinou também que os crentes ofertassem, de acordo com as suas posses, para a manutenção de Sua obra. Podemos classificar as ofertas em ofertas voluntárias e ofertas alçadas. As ofertas voluntárias são aquelas ofertas que são dadas pelo crente à Igreja de acordo com a sua prosperidade. Essa oferta é dada espontaneamente sem ser uma resposta a algum apelo que se faça na Igreja. As ofertas alçadas são aquelas que são solicitadas aos membros da Igreja para atender a alguma necessidade definida: construção, aquisição de algum bem, etc. Quanto às ofertas, leia os textos: Ofertas Voluntárias – 1 Cr 29.3-18; At 4.34-37; 1 Co 16.1-4; 2 Co 8.1-4; Ofertas Alçadas – Ex 25.1-7; 2 Cr 24.1-14
Em ambos os casos (dízimos e ofertas), as contribuições devem ser entregues ao Senhor com um profundo sentimento de gratidão e amor a Casa do Senhor, pois Deus ama ao que dá com alegria (2 Co 9.7).
Uma das provas de conversão genuína a Cristo é justamente “o abrir o bolso” para atender as necessidades da Igreja. Veja o exemplo de Zaqueu quando teve a experiência de conversão a Cristo (Lc 19.1-10, leia especialmente o versículo 8).
Infelizmente, existem muitos crentes avarentos que não entregam a Deus o que é de Deus, e quando o entregam, entregam mutilado, como fez Ananias (At 5.1-11). A Bíblia diz que a avareza é pecado e é igual ao pecado de idolatria, que Deus abomina (Ef 5.5; 1 Co 5.10; 6.10; Lc 12.15; Hb 13.5).
III – É dever de todo o crente engajar-se nos trabalhos da Igreja
Foi dito na introdução desta lição que Deus deixou com a Igreja a responsabilidade de servi-Lo. Esse serviço engloba as áreas da adoração a Deus (o culto), da edificação espiritual dos salvos, da proclamação do Evangelho aos perdidos e da assistência aos santos necessitados. 
Essa obra é uma obra gigantesca e necessita para executá-la do engajamento ou comprometimento de todos aqueles que professam a Cristo. É bom esclarecer que essa obra é uma obra que deve ser realizada pela Igreja local, transferindo-se assim para os seus membros esse dever, ou essa obrigação.
Assim sendo, não dá para entender aqueles crentes “assistentes” que participam de algum culto na Igreja, principalmente aos domingos, à noite, e não se engajam ou não se comprometem com a obra geral da Igreja. Esses amados do Senhor “assistem de camarote” os outros a levarem a carga e não ajudam e, se ajudam, faz só um pouquinho. Ainda existem aqueles que dificultam com as suas criticas o trabalho daqueles que estão fazendo a obra do Senhor. Misericórdia!
Amados, fomos chamados por Deus para servi-Lo. A Bíblia nos identifica como servos de Deus (Rm 6.18,22). O serviço a Deus deve ser uma expressão de amor, gratidão e obediência do crente para com Ele e não deve ser feito de qualquer maneira. O salmista disse que devemos servir ao Senhor com alegria (Sl 100.2). Paulo disse que devemos servir a Deus com fervor (Rm 12.11) e que esse serviço deve ser feito com firmeza, constância e abundância (1 Co 15.58).
Não existe nada melhor neste mundo do que a obra do Senhor, e nenhum crente verdadeiro pode ficar alheio ao seu desenvolvimento. Isto deve ser prioridade na sua vida, é a razão de ser de sua existência neste mundo. Veja Mateus 6.33; Fp 3.17-19.
IV – É dever de todo o crente obedecer às autoridades constituídas dentro da Igreja.
Deus pela soberana e livre vontade estabeleceu na Igreja ministérios para o funcionamento ordeiro da mesma. De acordo com as Sagradas Escrituras identificamos os ofícios de Pastor, Presbítero e Diácono, cada um com uma área delimitada de ação e com um perfil estabelecido pelo Senhor.
Ao Pastor Deus deu a liderança maior dentro da Igreja local. É dele a responsabilidade de presidir ou dirigir a obra do Senhor através da Igreja que está sob a sua responsabilidade. Ele é o anjo da Igreja responsável por ela diante de Deus (Ap 2.1,8,12,18...). O pastor é uma dádiva à Igreja (Jr 3.15; Ef 4.11).
Os Presbíteros foram estabelecidos por Deus na Igreja local para auxiliar o Pastor no pastoreio das ovelhas do Senhor (At 20.28; 1 Pe 5.1-3), sob a liderança do Pastor da Igreja.
Os Diáconos foram também estabelecidos por Deus para cuidar das temporalidades da Igreja, mui especialmente da beneficência (assistência aos santos necessitados) (At 6.1-3).
Essas lideranças estabelecidas por Deus têm autoridade na sua área de competência dentro da Casa do Senhor. Devem ser honrados e respeitados, e assistidos mui especialmente o Pastor ou Pastores pelo trabalho que executam (Hb 13.17; 1 Tm 5.17,18; 1 Ts 5.12,13).
Infelizmente, tem se observado no meio do povo de Deus muitos crentes que não têm temor de Deus no coração e não respeitam o Pastor nem os outros Oficiais, falam mal deles e não se submetem à sua orientação e outros desprezam os obreiros do Senhor, criticando-os; parecem-se com Coré, Datã e Abirão que não se submeteram as orientações de Moisés, servo de Deus (Nm 16.1-50) ou com Alexandre, o latoeiro, que resistiu fortemente ao apóstolo Paulo, causando-lhe muita dificuldade no exercício do seu ministério (2 Tm 4.14,15).
Conclusão
Vimos neste artigo quatro áreas relacionadas ao compromisso do cristão com a Igreja do Senhor, na sua expressão local. Existem outros compromissos do cristão, que não foram tratados aqui, envolvendo a Igreja. Esses mencionados já trazem para nós como membros de uma igreja, uma grande responsabilidade diante de Deus e da Igreja a que pertencemos.
Somente com a graça de Deus, pois em tudo dependemos d’Ele (Jo 15.5) é que podemos cumprir os nossos compromissos. Deus nos deu as condições necessárias para que cumpramos as nossas responsabilidades: a oração (Ef 6.18; 1 Ts 5.17), o poder do Espírito Santo (Lc 24.49; At 1.8), a eficácia do sangue de Jesus (I Jo 1.7,9) e o poder da Palavra de Deus (2 Tm 3.16,17; Hb 4.12).
Assim sendo, consagremos a nossa vida ao Senhor e à sua obra. Exercitemo-nos espiritualmente, freqüentemos regularmente os cultos da Igreja, sejamos em tudo fiéis ao Senhor e seremos reconhecidos por Deus, pela Igreja e pelo povo em geral como crentes cumpridores de seus compromissos para a glória de Deus.
Pr. Eudes Lopes Cavalcanti