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Porque os Congregacionais batizam por aspersão

 
Há uma divergência, no meio evangélico, quanto à forma de realização do batismo. As maiores polêmicas giram em torno da imersão e da aspersão. Nós Congregacionais batizamos por aspersão considerando que na análise dos textos bíblicos sobre o assunto, bem como na geografia da Palestina e no significado do batismo cerimonial, a balança pende para o lado dessa forma de batismo, senão vejamos:
1) A palavra batismo no original (grego), no Novo Testamento, admite outros significados além de imergir, tais como lavar, purificar, aspergir;...;
2) É sabido que em Jerusalém, onde a Igreja começou a existir e onde foram salvas três mil pessoas de uma só vez na pregação de Pedro, não existia água corrente (o rio Jordão fica distante de Jerusalém e o Mar Mediterrâneo muito mais ainda) e sim água em poços artesianos e piscinas ou tanques. (Jo 5.2; 9.7). É impensável que os apóstolos levassem os convertidos para o Mar Mediterrâneo ou para o rio Jordão a fim de batizá-los, pois a Bíblia dá a entender que eles foram batizados logo após terem aceitado a Cristo;
3) As lideranças religiosas e políticas de Israel, na época do início da Igreja, não tinham nenhuma simpatia pelo Cristianismo e jamais permitiriam que suas escassas águas fossem usadas numa cerimônia não aceita por eles. (At 4.1-3,17,18; 5.17,18,33,40; 7.54-59; 9.1,2). Veja a questão de saúde pública no tratamento desta questão;
4) Caso a liderança cristã conseguisse água para encher um tanque, é impossível que nele fossem batizados por imersão três mil pessoas. Provavelmente, quando chegasse ao centésimo candidato ao batismo, fosse extremamente dificultoso introduzi-lo no tanque, pois a água já estaria totalmente poluída, assim, a operacionalização do batismo seria bastante complicada;
5) Lembremo-nos de que o significado do batismo é também purificação e não somente morte e ressurreição. Todos os atos de purificação na religião judaica, instituída por Deus, e que nos seus cerimoniais tipificavam ou simbolizavam a Cristo, eram realizados por aspersão (Lv 8.10-12; 9.18; Nm 8.6,7; Ez 36.25; Jo 2.6; Hb 9.13,19-22);
6) Outra coisa a considerar na opção pela aspersão, é que os judeus que foram submetidos ao batismo realizado por João Batista (os imersionistas têm-no como paradigma, a famosa teoria JJJ = Jordão, Jerusalém, João) não se submeteriam alegremente a ele se o rito fosse feito por imersão, prática essa desconhecida nos rituais do culto judaico. (Considerem que até os saduceus - membros do Sinédrio e os fariseus - fervorosos observadores da Lei e extremamente legalistas procuraram o batismo ministrado por João Batista). (Mt 3.4-7). Se o rito do batismo ministrado por João fosse diferente daquele conhecido pelas autoridades e povo de Israel, provavelmente, os judeus teriam João como falso profeta, o que dificultaria, sensivelmente, o ministério do precursor de Cristo.
7) Os batismos cerimoniais, registrados no livro de Atos, mostram que os mesmos foram realizados por aspersão, senão vejamos: Paulo, ao ser batizado por Ananias, ficou de pé (At 9.18; 22.16); Os gentios que estavam na casa de Cornélio e que, após a pregação de Pedro, foram batizados, certamente o foram por aspersão, porque Pedro mandou que os batizassem logo após terem aceitado a Jesus. É muito improvável que já tivesse um tanque preparado para tal ocasião (At 10.47,48). Caso semelhante aconteceu com o carcereiro de Filipos que foi batizado em sua casa, logo após a sua conversão, junto com os seus (At 16.32,33). O batismo do eunuco, oficial de Candace, rainha dos etíopes, registrado em At 8.36-39, foi realizado ao pé de alguma água. As expressões “eis aqui água”, “desceram à água” e “saíram da água”, não são conclusivas no que se refere à imersão porque também podem se referir a um poço artesiano, a uma cisterna, a um córrego ou mesmo a um rio que não tivesse profundidade suficiente para imergir alguém. O batismo de Lídia, vendedora de púrpura da cidade de Tiatira, deu-se, provavelmente, num rio, mas isso não quer dizer que o mesmo fosse por imersão, visto que foi Paulo ou Silas que a batizou (At 16.14,15). Como Paulo era quem liderava, é muito improvável que ela tivesse sido batizada por imersão, visto que ele o fora por aspersão. Os batismos realizados em Samaria, registrados em At 8.12, não dão nenhuma idéia de que foram por imersão ou aspersão. Podemos inferir pelo que expomos acima, que os mesmos foram realizados por aspersão, considerando que provavelmente foram ministrados por um homem só e que eram muitas as pessoas que foram batizadas.
8) A comissão do Senhor Jesus é para que o Evangelho seja pregado em todo o mundo, a todas as pessoas, inclusive nas regiões desérticas onde não se encontra água com facilidade e onde vivem os beduínos, e também nas regiões geladas e até onde a água está em estado sólido (gelo) nos pólos onde vivem os esquimós. Será que Deus na sua sapiência infinita iria dá uma ordem a Igreja que não seria fácil executá-la no globo terrestre? (Considerem aí, também, a questão da praticidade da aspersão);
9) Que dizer também de candidatos ao batismo em estado terminal nas UTI's ou em casas, ou ainda pessoas com doenças graves de pele como lepra! Como fazer para introduzi-lo num tanque ou levá-los para um rio ou para uma praia a fim de realizar o batismo? Penso que os imersionistas iriam, nessa situação, optar pela aspersão para resolver o problema ou então não batizá-los, infringindo assim a ordem do Senhor da Igreja que mandou que os que cressem fossem batizados.

Pr. Eudes Lopes Cavalcanti
Pós-graduado em Teologia
Ministro da ALIANÇA
Pastor da III IEC/JPA